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segunda-feira, 7 de março de 2011

A Cama e o Mar


Ela tinha uma dor que o mundo nunca compreenderia, que quando alguém lhe falava algo que não gostava, ela queria morrer.
Numa noite chorou tanto que viu suas lágrimas virar mar e sua cama começou a boiar naquele mar. O teto foi trocado sem dúvidas por um céu azul que lhe castigava os olhos, mas a cama macia lha afagava a estima e consolava o fato de ser o único ser daquele lugar que era mar, cama e céu.
O quanto quis não estar sozinha esperando que alguém a entendesse, agora era confortável ser só. Sua dor tinha se tornado calma, mas doía ao ponto que ele havia se acostumado.
Naquela cama no mar vivia. Olhava as formas das nuvens quando era dia, à noite descobria constelações e as renomeava. Pensava como era tranquilo ali, a não ser por um fato: não sabia nadar. Aquele mar que a tranquilizava poderia ser sua morte.
A chuva que tanto amava quando estava em terra firme chegou fechando o dia. Ela agarrou-se a cabeceira da cama enquanto as ondas batiam, ela gritava com medo. O pânico a havia pego. O céu se iluminava com raios que ela temia que a achassem.
Quando tudo parou, sua cama estava ensopada pelas águas e seus olhos encharcados pelas lágrimas, tremia de frio. Sentia um vazio corajoso dentro de si, venceu a morte ali, mas não tinha forças para movimentar um dedo. A dor que a tomava agora parecia-se com a fome, não comia desde o dia que entrou no mar, lembrou-se que nem sede sentia.
Tentou aquecer-se e dormir, quando acordou-se estava na praia.
Empurrou a cama para o mar e voltou a leito d'água.

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