Páginas

segunda-feira, 7 de março de 2011

As Pás da Ruína


Tenho passado minhas dores para meus personagens.
A vida não é o livro mais fácil de se escrever, os personagens nem sempre são tão interessantes quanto queremos, porque os personagens somos nós.
É inútil calar a dor. A dor é algo a se sanar, e as minhas eu passo àqueles que eu dei vida, ao menos.
Os dias da vida que pedem um grito e que se precisa calar, as lágrimas que você deve esconder, as palavras ruins que você deve suportar calado, todas calejam a alma, cortam a alma e ninguém realmente se importa com a sua dor.
Não importa pra eles, eles pegam as pás e cavam a sua ruína. As pessoas querem ver seus pedaços sangrentos estraçalhados no chão.
Quanto mais você mantem o sentimento de ame os outros como a si mesmo, mais você se decepciona, porque as pessoas são egocêntricas e egoístas.
Elas não estão nem aí para o ar que você respira, porque se você morrer será menos um pra usar o mesmo ar que eles, menos um pra gastar energia, pra gastar a comida deles.
Onde está a credibilidade das pessoas? A dignidade como ponta de faca? A honestidade como designação de caráter?
Não acredito mais nem nos meus, porque nasci de um tipo diferente de pessoas, as pessoas que sangram e choram escondidas, que gritam caladas e que morrem sós um pouco a cada dia velando por um conjunto que não existe mais: um por todos e todos por um.
De que me serve sonhar que o mudo poderia ser um lugar melhor se as pessoas não são melhores?

Nenhum comentário:

Postar um comentário